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Beija Flor X

Os poetas são luzeiros a despertar em nós
Uns vaga-lumes desordeiros como pirilampos excepcionais.
Não querem viver em garrafas
Com o grilo a cantar faz serenata, em noites solitárias e traiçoeiras procriam suas asas…

O vaga-lume tem luz própria, mas só o vemos no imenso breu, ele se esconde que nem Morfeu
Mas vaga nos sonhos teus
Quem quando menino não capturou o seu nos apagões da vida?
Vaga-lume traz no nome a possibilidade de vagar
E assim incendiar flores adormecidas em suas confusões, aquelas que o beija flor já polinizou em outras estações…
Ele é fogo desmedido, brio e arrebatamento, será que tem mais talento do que esse de “alumiar”
Katiana Santiago

Os desejos são encantos com asas inebriantes
Tem lábios que nos beijam como pássaros viajantes
Sobre amar com devoções, respeito as paixões
A encantar nossa linguagem
Essa sagrada carruagem
Florescendo no mar das distrações

Dão a alma uma biblioteca em festas,
A poesia dança com uma orquestra, faz livros de cores falarem
Os amores se refazem, magicamente no balsamo da coragem

De armações vive o verso, sem o desespero do reverso.
Sobre a linguagem rara e poética, curte o momento a flor decadente
Vendo asas em forma de palavras, embelezando a tarde inteira
Voa assim bonito, que é para o mundo deixar de ser esquisito
E que toda poesia vire a asa de um beija-flor, flutuante em dança e esperança de cor.
Katiana Santiago

Aprazível
Ânsia com alegria
Eclode sobre as ternuras
Sorriso que inebria
Noite me possua

Mas é o dia que me responde, se terá poesia
No magnetismo do teu voar
Me engana nos enganos teus
Faz bela a alma minha colibri
Fingir que eu sou teu

Eu sou clarim assim, e tu verdinho
Anjo e demônio habitam em mim, mas um vive mais que outro
Aprecio vê o passante fagueiro, não sabes mas é minha roupagem noturna,
Minha alma adormecida tem deleites quando imagino as flores diurnas,
Me faço inferno e paraíso para caber no olhar teu, embalada está a flor
Ela é festa para o amor exclusivo do bico teu
Sobre as noites acalentar, já vi todo tipo de delírio, mas o do beija flor é o mais bonito

Katiana Santiago

Quando o colibri chega aqui
Cristais puros polinizam os jardins
Quando o beija flor assobia já se enfeitam as flores
Dos jasmins aos girassóis, do amor-perfeito ao antúrio,
Da camélia a gardênia
Teu bico afasta das flores o medo de florescerem

Eis fonte de todas as quimeras flutuantes, espasmos nas esperas.
Passarinho sempre beijando a flor, nada mudará nesse amor
Mesmo daqui a dez mil anos, se ainda existir passarinho e flor…

Em tempos de necrose mundial,
Beijar com as letras é um luxo carnal, tornar campos morte em primaveras
No lacanez poético das esperas, torna-te afago meu, descortinando laços,
Amor para 110 anos entre o pássaro e eu

Katiana Santiago

Sobre a poesia do podes crer
Eu creio de sobremodo na tua escalada singela
Pássaro modesto, tu inspira até maneirismos poéticos, a escreverem sobre ti
E eu no umbigo do sonho
Florescendo teus versos ardentemente
Essa magma fervilhante aqui.
Do bem me quer ao talo seco, da torre escura aos apertos em navegações não vigiadas

Hoje tenho a visão em imagem para tal viagem, obrigada pássaro do céu
Em letras nuas que se misturam fazendo aquarela envolvente
Numa prosa de “repente” a vida comedela,
Café com poesia oh boêmia fazendo o licor da vida

Embriagando a sina, só gaudério para as dores existenciais
Podes crer que sou fã das suas sementes
Em letras mágicas que soluçam, dera eu ter um celeiro para agrados do amor,
Vestir de cor, tuas caras ardentes, ah eu tivera
Na simplicidade de ser quente
Moras em meu berço amor,
ah tu e eu, na fome e saciação, na ternura dos achados,
Na candura e no carmim, habitas dentro de mim, podes crer beija flor, de todo coração

Katiana Santiago

Sobre as nervuras vistas do lindo cuitelo,
Assombrada estou,
Faria poesia para o beija flor em mil anos de espera
Ah se “vidas” eu tivera, faria reboliço de amor
A memória guardou a imagem

Presentificada do que é importante para nunca esquecer,
Se no gozo é preciso um corpo, eu tenho um pássaro na mão para dar de comer
No pensamento sobre paralelas, tais aquarelas o libidinoso vai e volta no seu pouso

Com tanto charme e tantos nomes
Colibri, mas também chupa mel, teu nome é fiel predestinado se faz menção,
A flor nesse acasalamento vive feliz adocicada, como se tivesse raiz,
Alucinada para o dia, fascinada para a noite,
Vive suas nostalgias dos apetites em cores,
Encantada faz serenata, sobrevive esperando sua visitação.

Katiana Santiago

Quais os limites teus?
Vem aqui e canta esses voos, e o ninho teu, é feito do capim?
Quais os desejos seus? Dos impulsos mais nobres e esdrúxulos que habitam em ti
Sou flor aberta a qualquer capricho teu.

Exclusivamente ao pólen sucumbido nas extraordinárias fantasias,
Aliviando esse real na dor de existir.
Sobre teu ninho há melancolia ? trás ela aqui
Para um “melô”- “cor”, e assim a gente vai lendo sobre amor
Nas linhas tortas das agonias
Rindo sobre ninhos e encantos adormecidos,
Essas coisas de beija flor…
Se o isolamento do pássaro é vida,
como pós guerra toda criação é altiva, bebo desse fel e mel sem tradução.

Que teu cansaço encontre alívio nas estações, que a letra seja serva tua
Deslizando em papéis tua produção em flor poética,
Polinizando a dor e amor no atemporal dos afetos, eternizando,
Versos e reversos registrando que carinho é coisa de beija flor
Katiana Santiago

Sobre os arranjos da vida
Que fazemos com certas flores
As que nascem dos grãos esquecidos, deixados pelos beija flores
Essas que clamam por amor
Que sublimam apenas na carruagem da linguagem e gozam em suas distrações
Desvarios infinitos
Nas travessuras do absurdo
Se escondem no mundo exclusivo
Daria um exagero de livro suas ilustrações

Ah, sobre as flores arrancadas, que desbotam a cada instante, que enfeitam certas estantes
Nos cenários daqueles que as colheu
A noite no breu, esse arranjo ali encostado, se perde aos pedaços, morre no vaso, deveras ter deixado no campo arruinando em sonhos seus
Não sentem mais o bater das asas do pássaro, nem o molhado do orvalho que se perdeu

Na minha arrogância mais lúcida, prefiro vê-las embelezando tudo por aí
Umidificando as estiagens tão sombrias, no alento para o contentamento

Na distração nos tempos da ausência de paz
Que os jardins tenham “aguardentes” quentes para o beija flor se perder
Em memória da flor arrancada, esquecida e descartada que morreu na instante e nem foto deu.

Katiana Santiago


Escrevo mimos para acariciar a vida.
Na nudez total das letrinhas
Com o meu exagero de existir sou real em cada fantasia que se expressa.
Nas sinfonias dos encantos se vive a poesia dos afetos, construção de versos
E o beija flor é essa inspiração

Esse passarinho, um ser tão pequenino vai dando sua lição…
E assim vai descortinando nossas sinas
Trazendo aromas bons nos redemoinhos das estações
Tu colibri querido
És língua viva de sentidos
Flutuante, dubitativo, conjunção de um discurso com seus significantes a significar…
Como o amor nunca é repouso, é sempre um alarde ambíguo
Geladinho no umbigo, quente no coração, torna capaz de se dá ao teu delírio poético,
Tu passa de flor em flor polinizando teus grãos, depois segue, no voo livre das estações.

Dormiremos um dia na morte que nos espera, um dia…Hoje não.
A nudez me fascina, desde menina, acho a coisa mais bela do mundo,
O pássaro nu com o seu canto, vai migrando, a perder de vista
Independente dos desencantos, fome ou sede, vai voando por cima.
Não se preocupa com o olhar do mundo, nem se interessa pelos absurdos

Nunca se cobrirá de panos, e o Deus do céu lhe vestiu das cores mais lindas.
Seus repertórios na vida se resumem à observar horizontalmente, não tem períodos decadentes
Só vivencia nascentes e poentes a perder de vista, independente da partida.

Cantando faz seu ninho e bem devagarinho já se viveu, sem contar seus dias, sem temer o tempo,
Ausente de desespero, desconhece o seu final.

A se tu também eternizasse passarinho, deixa-me os ensinamentos teus…
Katiana Santiago


As cores são para a vida, assim como a flor é um símbolo de amor!
Queres as cores? As cores te dou, qualquer uma beija-flor
Que te guie pelas constelações mais loucas nesse céu
Véu de mistérios que ilude a alma no giro teu, “pólen na fulô”.

Meus olhos estarão abertos para os anseios teus, pássaro da cor.
Em teu canto livre, pois precioso é o amor de quem o doou.
O imaginário é um “lendário”, tão forte quanto o bater das tuas asas
Essa balburdia na flor é afago, alma, navalha, mas só assim, se encanta as estações.

Flutua e faz florescer qualquer simples emoção
Abastece os mananciais das “solitárias solidões”
Como embelezas a flor mais triste e desprezada da natureza
Tu dá a ela de igual modo a distribuição dos grãos, e essa é a tua justa perfeição.

Tua miragem inspira versos aos passageiros dessa engrenagem existencial
Então voa pelas encruzilhadas, nas mesas, varandas, calçadas,
Quintais, igrejas, praças
Quem sabe esse enfado da vida passa
Nessa porção de púrpura e candura que tua delicadeza nos transpasse

De fel á mel, de capim a jasmim,
Sempre vou querer o cheiro do alecrim contido nas veias,
O canto das sereias sempre a ludibriar
Nessa ida a assobiar poesia, o bem precioso, em qualquer aurora tu podes voltar.

Beija-flor tu és assombroso, beleza que fascina, fantasia voo e pouso.
Pássaro selvagem sobre ti há feitiço grego, teu canto tímido transborda segredos
Ofereço-te as cores nas misturas secundárias
Porque delas tu já me doou em tantas cores primárias, na alegria como na dor!
E nesse cromático, se quiseres as cores as cores te dou…

Katiana Santiago